Uma Análise Metafórica

O arco da personagem Liz Sparkle, em A Substância, evoca a figura mitológica de Medusa. Ambas as personagens, embora de contextos diferentes, compartilham uma tragédia comum: a transformação irreversível. Resultado de sua relação com o tempo, a beleza e a busca por um ideal inatingível. A analogia entre Liz e Medusa não é apenas visual. Ambas compartilham de um destino trágico, refletindo as complexidades do envelhecimento, da autossabotagem e da luta contra o destino.

A Transformação e a Decadência de Medusa e Liz

Medusa, na mitologia grega, é uma mulher bela transformada em um monstro pela punição divina. Tem serpentes em seu cabelo e um olhar que transforma tudo o que toca em pedra. Esse processo de transformação é fundamental para compreender o paralelo com Liz, cuja busca desesperada por juventude e fama resulta em uma transformação igualmente monstruosa.

A cena final, com Liz cercada de vísceras e rastejando até a estrela da calçada da fama, remete à figura de Medusa, com seu olhar petrificante e sua aparência decadente. Liz, como Medusa, se vê aprisionada em uma imagem que já não pode mais sustentar. Mas que persiste até o fim, levando-a à autodestruição. Sua transformação é fruto de uma busca constante para manter um status e uma identidade que, inevitavelmente, se desintegram.

O Olhar Perigoso de Medusa e a Punição de Liz:

Medusa, ao longo de sua existência, se torna uma figura temida. Seu olhar é fatal, petrificando aqueles que a encaram. Em sua solidão, ela se torna uma personificação da punição por desafiar o que é imutável – no caso, a passagem do tempo.

Da mesma forma, Liz busca congelar o tempo, lutando contra a inevitabilidade do envelhecimento e da obsolescência social. Sua busca incessante por reconhecimento e validação é, em última análise, uma tentativa de escapar das punições que a sociedade impõe aos que envelhecem, especialmente às mulheres.

Liz, em sua negação, acaba se tornando uma figura igualmente petrificada: uma mulher que, ao tentar manter sua juventude e beleza, se vê transformada em algo irreconhecível. Sua vida e identidade reduzidas à busca insana por algo que já não é mais possível.

O Desespero e a Impossibilidade de Aceitação:

O arco de Liz Sparkle, em A Substância, e a tragédia de Medusa  representam figuras tragicamente presas a um ideal que as consome. Medusa, que é transformada em um monstro, é uma personagem que não pode se libertar de sua condição. Ela vive em uma constante batalha contra sua própria transformação, incapaz de olhar para si mesma sem causar a destruição de tudo ao seu redor.

Liz, igualmente, é uma mulher que se recusa a aceitar o envelhecimento e a transformação natural da vida. Sua resistência a aceitar sua velhice reflete um desespero que, longe de trazer uma resposta ou redenção, a empurra cada vez mais para a perda de sua própria identidade.

A incapacidade de Liz de se confrontar com sua condição a faz, paradoxalmente, mais distante de quem ela realmente é e mais próxima de uma versão distorcida de si mesma.

O Destino e o “Olhar Final”

Na mitologia, Medusa é uma figura isolada e solitária, marcada pela sua maldição, e sua morte. Ou a morte simbólica daqueles que a encaram – é inevitável. A cena final de Liz, rastejando até a estrela da calçada da fama, revela essa tragédia similar: uma mulher que, ao não conseguir aceitar sua condição, se vê forçada a viver em busca de um passado que já não pode ser recuperado.

Liz, como Medusa, é uma vítima de sua própria busca por um ideal irreversível, uma mulher que não consegue encontrar um novo significado para sua existência e que, em última instância, se perde em um ciclo vicioso de negação e frustração.

Medusa por Caravaggio

                 Medusa por Caravaggio

A analogia entre o arco de Liz Sparkle e a tragédia de Medusa em A Substância não é apenas uma questão de similaridade visual, mas de uma transformação simbólica que envolve a perda de humanidade, a luta contra a inevitabilidade do tempo e a busca desesperada por um ideal que nunca poderá ser atingido. Liz, como Medusa, é uma figura condenada a uma existência marcada pela transformação e pela punição, incapaz de se libertar de suas próprias escolhas. O paralelo entre as duas personagens, portanto, serve como uma reflexão profunda sobre os perigos de se apegar a um ideal de juventude e fama, e sobre o preço que se paga quando se recusa a aceitar o envelhecimento e as mudanças naturais da vida.

A Substância” e o Envelhecimento como Horror

Ontem assisti ao filme A Substância, com roteiro e direção da francesa Coralie Fargeat, e fiquei intrigada com os diversos ângulos possíveis para discussão. Minha reflexão, no entanto, não abordará aspectos técnicos, como roteiro, iluminação ou direção, nem focará no gênero do filme. Vou direto ao tema!

O gênero “Body Horror” e o impacto emocional

Body horror” é um gênero que eu nunca havia assistido porque não sou nem um pouco chegada a filme de terror. Ainda que como roteirista eu tenha o hábito de observar narrativas de forma técnica, vou passar ao largo desse tipo de comentários. Prefiro focar na temática central de A Substância.

Embora à primeira vista o tema central pareça ser apenas o envelhecimento físico, eu fui pega por outra perspectiva. Sendo eu uma mulher com a mesma idade da atriz Demi Moore, sem filhos ou família como a personagem Liz Sparkle, a busca pela relevância pessoal em meio ao envelhecimento e aos desafios da solidão foi o que mais ressoou em mim.

Liz e Sue: duas faces do tempo e a mesma substância

Liz Sparkle, descartada como um lenço de papel usado ao completar 50 anos, se confronta com o vazio da sua vida. Ela tem dinheiro, beleza, mas sua vida não tem mais sentido. Sua versão jovem, “Sue”, por outro lado, diverte-se com baladas, sexo e rock’n’roll. “Sue” nos mostra as escolhas de Liz na juventude e o impacto no seu futuro. A energia de “Sue” é intensa, mas rasa, preenchendo qualquer sinal de solidão com diversão efêmera.

Na fase madura, o tempo livre de Liz revela seu vazio existencial, escancarado como uma ferida aberta. Sua vida fora dos palcos não tem mais o menor significado. Por isso, ela não pondera os riscos ao recorrer a uma substância desconhecida vendida no mercado negro. Isso reflete seu desespero por preencher um vazio que a fama não consegue mais ocultar.

O palco, o espelho e a identidade perdida

Sem interesse pelo sexo desenfreado ou pelas baladas, Liz busca reconstruir sua autoestima pelo caminho mais ‘fácil’ e superficial. Mesmo despertando fascínio em um antigo colega, ela não consegue admirar-se ao ver sua bela imagem refletida no espelho. Seu ‘amor’ próprio está condicionado à validação de um público virtual. Um contato distante, mediado, e desprovido de qualquer intimidade real. Quando seu ‘tapete é puxado’ e esse vínculo se rompe, a identidade de Liz é igualmente dilacerada. Sua existência perde o sentido. Diante desse vazio, ela apela à substância.

É bem verdade que ela tenta recorrer a outras alternativas na sua área. Ela sugere um talk show ou um programa de culinária ao seu agente. Quer dizer, ex-agente, porque ele também a descarta sem piedade. E isso me faz pensar nas mães de família que dedicam a vida ao seu “público” — marido e filhos — e, de certa forma, também são descartadas  quando perdem relevância, ou seja,  quando não tem muito mais a oferecer. E não só elas, eles também. Como se o envelhecimento fosse uma doença contagiosa.

O envelhecimento físico e o “eu” imortal

O envelhecimento físico é inexorável. Ele representa a parte mais visível — mas não a única — da perda de energia com o passar dos anos. Com o tempo, também se dissipa a empolgação pelos “garotos bonitinhos” que ocupam a imaginação de adolescentes românticas à procura de príncipes.

A grande diferença está em como cada uma reage a essas mudanças. Enquanto Liz recorre a uma substância desconhecida e perigosa, o mundo está cheio de exemplos de mulheres mais velhas que começam a pintar, escrever ou empreender. Nutrir o “eu” criativo é uma forma de transformar a maturidade em uma fase plena de significados e realizações.

 

 

A energia psíquica e criativa do “eu” não envelhece nem se deteriora. Desde que seja cuidada! As experiências da vida podem lapidar esse “eu” ou deixá-lo estraçalhado  e vulnerável. Mas, mesmo assim, ele permanece carregado de potencial para se regenerar. Esse “eu” é nossa essência, nossa verdadeira substância.

Esse, para mim, é o “x” da questão, ou do filme: a importância de nutrir esse “eu”, essa essência, para quando o corpo não tiver mais energia ou interesse nas baladas. Liz, por exemplo, não cultivou nada além da beleza física durante seus anos dourados. E inevitavelmente se deparou com o vazio.

O poder transformador da criatividade na maturidade

Mas é possível, e recomendável,  fazer diferente. Mesmo para quem não depende de beleza e juventude para a carreira. E, mesmo para quem não tem carreira alguma, a criatividade é um “artigo” valioso que pode e deve ser cultivado.

É amplamente reconhecido que a criatividade e o potencial humano não têm data de validade. Basta olhar para exemplos de figuras como Henri Matisse, Toni Morrison, Maya Angelou e Agnès Varda. Essa última, cineasta e artista plástica, produziu até os últimos anos de vida obras profundamente marcantes, como Varda par Agnès, na qual refletia sobre sua trajetória com o frescor da descoberta.

Matisse, por exemplo, quando já estava em uma fase avançada da vida. Fez uma das maiores inovações de sua carreira ao criar os recortes, uma técnica que ele explorou até os 80 anos. Mesmo enfrentando limitações físicas devido à sua saúde, ele conseguiu continuar criando obras inovadoras como A Dança e A Perna de Cadeira.

Nossa Fernanda e sua Substância

Já Toni Morrison ganhou o Prêmio Nobel de Literatura aos 62 anos.  Ela continuou a escrever e a inspirar novas gerações de leitores até sua morte, produzindo trabalhos que foram profundamente influentes, como Amado e O Olho Mais Azul.

E para arrematar com um exemplo brasileiro de logenvidade criativa, temos Fernanda Montenegro, nossa dama do teatro e do cinema. Aos 95 anos, continua brilhando e inspirando. Essas pessoas não tentaram voltar no tempo; elas aprenderam a dançar com ele.

Reflexões sobre identidade e aceitação em A Substância

Apesar de parecerem duas pessoas,  “Sue” e Liz  são exatamente a mesma, em fases diferentes da vida. A versão “jovem” odeia a  versão “velha” porque rejeita o futuro que ela representa. Ou seja, ela rejeita a si mesma. Como a sociedade que a rejeita, ela também valoriza a juventude e teme o envelhecimento.

Para mim, o filme convidou às seguintes reflexoes:

Como se preparar para as futuras transformações?

Como usar o “eu” criativo para superar o vazio deixado pela perda de vigor físico?

 

Essa é minha coleção da La Pléiade. Mas também tenho completa em Português

Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, transcende qualquer noção de uma leitura excepcional e enriquecedora. Para mim, foi uma imersão em um universo que desvelou camadas antes invisíveis da realidade. Uma experiência que me proporcionou, ouso dizer, uma verdadeira expansão de consciência.

É como se Proust enxergasse além do que normalmente somos capazes de ver. A maneira como ele captura nuances da vida das pessoas e a capacidade de transmiti-las parece transcender os limites da linguagem. Ele não apenas teve o tempo, mas também o talento e a perseverança para transformar essa percepção única em palavras.

Ele nos ensina que o tempo não é linear, mas sim um labirinto onde o passado e o presente se entrelaçam de maneira imprevisível. A famosa cena da madeleine é apenas a mais emblemática de uma série de momentos que mostram como as memórias involuntárias podem nos reconectar com quem fomos, enquanto nos ajudam a compreender quem somos. É uma narrativa que exige de nós não apenas atenção, mas entrega – uma espécie de pacto silencioso com o autor, em que aceitamos abandonar a pressa do cotidiano para mergulhar na contemplação dos detalhes.

As Grandes Transições da Modernidade

Enquanto desvela a alma humana, Proust nos apresenta um mundo em transformação. Ele escreve a partir do limiar de dois séculos, retratando com uma precisão quase documental as mudanças que marcaram o fim do século XIX e o início do século XX. É uma época de transições: a aristocracia cede espaço à ascensão da burguesia, os salões da alta sociedade começam a perder o brilho exclusivo e a modernidade emerge com suas inovações tecnológicas – como o relógio de pulso, os automóveis e as linhas de trem que encurtam distâncias, mas, paradoxalmente, ampliam o abismo entre as pessoas.

Proust não apenas narra esses eventos; ele os vive e os faz viver em nós. O Caso Dreyfus, a Primeira Guerra Mundial, a mudança no papel social das mulheres e o novo ritmo da vida urbana não são apenas pano de fundo para sua narrativa. Esses eventos são incorporados aos dramas pessoais e coletivos de seus personagens, tornando-se inseparáveis da introspecção psicológica que define sua obra.

Ler Proust é caminhar pelos salões da alta sociedade francesa como um observador privilegiado. É perceber, através de suas descrições, como as estruturas de poder e status se reorganizam, enquanto o comportamento humano, em sua essência, permanece inalterado. As ambições, as paixões, as fraquezas e os anseios descritos por Proust são, de forma impressionante, tão contemporâneos hoje quanto eram em sua época.

Uma Obra para Poucos?

Sempre me pergunto por que tão poucas pessoas se aventuram a ler toda a obra de Proust. Todos conhecem a famosa madeleine, mas quantos realmente mergulharam nos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido?

Durante a pandemia de Covid-19, coordenei um grupo de leitura online para explorar a obra, e apenas três participantes chegaram ao final do primeiro volume. Nenhum deles continuou para o segundo, adiando a leitura para uma “outra ocasião” – um adiamento que sabemos, no fundo, que jamais se concretizará.

Será que é mesmo a falta de tempo a desculpa verdadeira? Ou seria o ritmo exigente da narrativa de Proust que assusta, em um mundo acostumado a respostas rápidas e gratificações imediatas? Proust exige paciência, concentração e uma disposição para explorar os recantos mais escondidos da mente e da memória. Talvez isso seja o que afasta muitos leitores, mas é também o que torna sua obra tão recompensadora para aqueles que se dispõem a enfrentá-la.

Uma Experiência Transformadora

Em Busca do Tempo Perdido é, para mim, a obra-prima definitiva porque nos força a ver o mundo de outra forma. Cada descrição minuciosa, cada frase longa e cheia de nuances, nos convida a reconsiderar o que damos como certo na vida. Proust me ensinou a desacelerar, a prestar atenção ao invisível, a valorizar os momentos que parecem insignificantes – porque, no fundo, é ali que reside a essência da vida.

Ler Proust foi uma experiência transformadora, um divisor de águas na minha vida. Ele não apenas ampliou minha compreensão do mundo, mas também me fez questionar o que é verdadeiramente essencial. E, ao final da leitura, senti que não havia apenas conhecido novos personagens ou um novo período histórico; havia conhecido uma nova versão de mim mesma.

Proust nos lembra que o tempo não se perde. O que se perde é a nossa capacidade de perceber sua profundidade e de nos conectar com ele. Sua obra não é apenas um convite à leitura, mas um convite à vida – à vida vista com os olhos de quem sabe que, no fundo, são os detalhes e as memórias que realmente importam.

 

Rio de Janeiro: Hoje é dia 5 de fevereiro de 2022 e estou passando a limpo uma anotação do dia 4 de agosto de 2019.

 

Dia 9 de abril de 2017 eu fiz 56 anos, ou seja, entrei no nono setênio, que é esse em que estou agora, e há pouco mais de dois anos. Decidi escrever minha autobiografia por setênios e, digamos, pra não deixar ninguém perdido, e caber no tempo razoável para vocês não levantarem entediados, resolvi começar a contar minha vida a partir do início desse meu atual setênio, e já estou sendo repetitiva…

Ai meu Deus! (divagando) Por favor, gente, aguenta um pouquinho mais, eu prometo que vou melhorar até o fim da minha temporada, aqui na Terra, ne?

(muda o tom para firme)

Anotem só uma coisinha no final de todas as nove temporadas aqui na Terra ou em outro lugar, no éter, em outra dimensão, todos nós somos anjos. Nós somos uma legião de anjos que se reconhecem quando se conectam pelo coração, pelo sentimento, como aquelas conexões da natureza vegetal com a natureza animal no filme de ficção Avatar. Não existe ficção. Tudo o que pode ser imaginado, pode existir, até porque existiu em primeiro lugar na imaginação de alguém. No caso do filme Avatar, ele foi desenhado, realizado e assistido por milhares de pessoas no mundo. Outro dia o Zé Mauro me disse que tem um parque temático “Avatar” e comentamos sobre a nossa conexão. Eu comento. Ele entende.

 

(fim da anotação)

 

A respeito da data 09/04/2017: Não tenho certeza, mas acho que a comemoração foi lá em casa, usando um vestido da Lenny que agora vou levar como saída de praia. Contratei um bartender e comprei um monte de bebida que nunca chegou a ser usada. Estava nos estertores daquele modelo.

 

Mas voltando ao dia de hoje, 05/02/2022, eu estou vivendo um dilema que espero que seja resolvido com paz de espírito, porque se não, não vale a pena. Tenho 13 dias até voltar para Londres e até agora a única solução que me foi oferecida foi entregar a Pipi para uma mulher desconhecida que “adora” maltês e que não quer nem que eu saiba sua identidade. Eu hein!! Vou entregar essa cachorrinha que eu me ocupei, ainda que de longe só emocionalmente, para uma emissária entregar a Cruz Vermelha, como a mãe em fuga de Kabul que entrega o filho bebê ao soldado? Não quero ser impolite, não, só que não”.

Você não precisa deixar de fazer nada por causa de medo. Se deixar paralisar pelo medo é apenas uma escolha. Você pode fazer tudo o que quiser –  seja na vida que você acredita ser A real, seja na vida dos seus sonhos – terreno onde não há censura, culpa, julgamento, nada que você não queira levar pra lá.

Nesse momento, quando esse sentimento de preconceito de idade está apenas brotando. Brotando, não, se invertendo na minha mente, pois até outro dia era eu que tinha esse mesmo preconceito de idade com os “velhos”. Só que agora os velhos são velhos mesmo. Ou  os mesmos, só que agora são velhos!

Sim, isso é um #fluxodeconsciencia e quem já leu James Joyce sabe do que estou falando. Eu não li Ulysses porque não entendi “p… ” nenhuma, mas li algumas outras coisinhas de Joyce.  Se alguém aí leu e entendeu, favor explicar aqui nos comentários.

Quem é Sofia? Um arquétipo? Uma entidade? Uma força masculina e feminina? A tal “virilidade feminina” que ela representa tão bem! Sofia vem chegando com muito mais testosterona do que muito homem por aí.

Principio, meio e fim. Por onde começar?

De: Neide Raphael Albuquerque

Enviado:sexta-feira, 21 de janeiro de 2022 18:58

Para: ticiana@ticianaazevedo.com

Assunto: dia 21jan2022

Rio de Janeiro, 21 de janeiro de 2022.

Aqui começo minha trilogia. Trilogia me lembra Tri bó bó. Fui com minha mãe ou minha avó?  Não me lembro. Tribobó tem ouro. Tribobó tem bó, bó, bóó, borogodó!

A Origem

 Passei anos sem saber por onde começar, nem o formato exato, até que ontem, decidi que começaria agora.  NOW! Fosse esse agora mesmo ou ontem, quando tomei minha decisão.  Não importa. O importante é começar.

Estou escrevendo minha vida de trás para frente e de frente para trás.  O importante é que ela tenha principio, meio e fim, não importa a ordem. Quero pensá-la como um filme ou uma peça em três atos. Ou, voltando ao começo, à trilogia. Povavelmente terei que voltar várias vezes para esse começo.

Tres Atos ou Mais?

Agora, eu me vejo na passagem do segundo para o terceiro ato, como a Jane Fonda descreve a própria vida.  Porem, como sou viciada em bons streamings, prefiro pensar em temporadas, ao invés de atos, ou no  máximo numa trilogia

Boa parte desse conteúdo vai ser narrado por Sofia.  Sofia é minha musa, a atriz que eu ainda não tive a coragem de ser, a sabedoria a qual corro atrás todos os dias e cujo processo descrevo aqui. Irá esse trecho para o prefácio? Ainda não sei de nada. Isso vai ser decidido enquanto organizo o meu material.

A HISTÓRIA DA PRINCESA QUE SE SALVOU SOZINHA 

Como o próprio título deste volume deixa claro, essa é a história da princesa que se salvou sozinha e se transformou em rainha da sua própria vida.

A  MORTE ME CAI BEM

Por que a morte me caiu bem?

Dia 27 de fevereiro de 2008 eu morri. 

Vou contar essa experiência extraordinária pra vocês, mas nunca acho que está bom o suficiente para ser compartilhada. De mais a mais, se foi tão extraordinária e impactante, aonde essa experiência se reflete na minha vida?

Margueritte Duras

De março ao final de junho, aconteceram tantas coisas que não tive o tempo necessário para digerir aquela experiência tão fascinante que mudaria a minha vida. O fato é que hoje, aos 60 anos beirando os 61, eu sou a escritora que sonho ser. Não me importo se ganho apenas R$100 ao longo de seis meses com a minha publicação. O fato é que sou uma artista (escritora e roteirista) e ainda que essa atividade não me renda o suficiente para me sustentar, essa é a minha nova profissão. Margueritte Duras , minha musa, era escritora e roteirista.

L' Amant

Poster do filme belissimo baseado no livro de Margueritte Duras

L’Amant

Um dos filmes mais lindos que assisti várias vezes é  L’Amant – prefiro em francês. A foto acima que ilustra o post tirei no delta do Mékong. Ali  Margueritte Duras viveu na infância e é onde se passa o filme no qual ela relata seu romance com um herdeiro asiático milionário cujo pai não toleraria o casamento com uma moça de outra raça-religião. Margueritte era branca e francesa. Eu era louca pra fazer esse percuso e tive o privilégio de fazer na virada de 2014 para 2015.

Voltando ao dia da minha morte, depois veio mais uma outra noticia impactante e então o lançamento do meu livro no dia 24 de Abril/ou Maio de 2010.

 

February 27th is a date to be celebrated: the date of my rebirth. On 27 February 2008, I had a Near Death Experience (NDE https://www.nderf.org/). It was the most powerful experience in my whole life. Although I was technically dead, I include that experience in my life because it has completely changed my perspective about what life is. After that experience it was crystal clear that we are spirit having a human experience not the opposite. Definitely, we are not human bodies who have spirits. I felt I haven’t boundaries, I was just the part of a whole energy. When I came back to my everyday-life I had this tendency to forget, but the seed was planted. Now this is my North.

I was very intrigued by what’s happened and what that event meant to me.  Ever since I’ve been asking to my heart what “it” wants. Actually, I found a note that I’d written many years before my cardiac fibrillation, asking “What does your heart ask for?”. If that answer wasn’t extremely important for me, it wouldn’t be recurring. Someone told me that I had that experience because I’d chosen to. When I was told that, I didn’t understand.  Now I perfectly understand.

Having a NDE is a grace that few people are allowed, and I am very grateful. I am the kind of person that needs to understand. It wasn’t an intellectual experience at all. I just experienced what I really am. My job now is just do not forget about it while I’m here. It’s a daily job.  I understood that I need to leave my life with passion and a higher purpose. These human bodies and personalities we all have are like cars that someday will be recycled for new models. They are our vehicles.

I’ve been writing that I think it will be called “Death suits me”. Now I understand perfectly well the people that I admire, such as Deepak Chopra, Oprah Winfrey and Eckhart Tolle, when they say that we are spirits that have a body experiencing life as human beings. I don’t know how they know this so well. I needed to try myself to understand. What I felt that day 27 February 2008 was what a spirit feels without a body or personality.

It’s an experience very difficult to describe because it wasn’t felt through the five senses we are used to.  I can just be grateful for this opportunity.

This will be the first time I’ve written a post in English and even if I am aware of what I am saying it’s weird to talk about feelings in a foreign language. It’s as if you can communicate meaning without feeling. Can you understand what I mean?

I will try to keep it as simple as a piece of writing for school since my main objective at the present moment is learning English as well as I can. This is to achieve my second goal, which is to be a screenwriter/writer in English. I digress. I always digress …

Before yesterday I went to Regent’s Park for the first time in my life with my friend Luciana who told me there was an exhibition, at least that’s what I understood. Actually she was talking about the rose garden, a wonderful garden with all kinds of beautiful roses.

The roses have been named after inspiring women such as the beautiful actress Ingrid Bergman (red one, in the centre of the garden), Rachel (orange)  and Adrianna (yellow) – no idea who the last two can be –  or creative titles such as Keep Smiling and Inspiration. For me, this last one was the most beautiful, along with the main picture which illustrates the post in varied tones of off-white mixed together with a subtle pink tone. Unfortunately, I haven’t found its name.

Another great experience yesterday was to smell the aromas. The rose Inspiration, besides being incredibly beautiful, a really inspiration, had by far the strongest and most pleasant aroma.  Perfumers should just put it in a bottle. I wanted to stay there forever, but eventually I had to move on because Luciana wanted to go elsewhere.

Inspiration

Inspiration

I want to describe all the sensations and sense of gratitude I experienced but not before talking about that last rose that we saw and photographed:  “she” is white in her centre and bright pink at her borders. If I had seen her in a shop I would think that she was fake or painted. If she hadn’t been made by nature I would say she was tacky.

However, she is nature in all its brightness and that was my feeling.  This feeling has been lasting till now. I am amazed. I would like to bring that aroma with me, that light, those petals, not just in a photograph. I think this rose broke into my heart. Last morning, while I meditated in the pink ray, I felt this sensation of being bathed in a bright white light with pink borders, just like the rose I saw on Monday.

A Rainha do Fogo representa O Compartilhar no baralho Zen do Osho. Ela é rica, régia e segura de sua abundância. Tem tanta  luz e riqueza que distribui  sem se preocupar com o futuro.  Dessa maneira, todos estão convidados a participar de sua abundância e fertilidade.

Amor e compaixão transbordam pelo quarto chakra desenvolvido através da meditação. Como resultado,  o coração abundante precisa compartilhar tanta alegria e bem-aventurança. Ao compartilhar, sente-se cada vez mais pleno.

Tudo a sua volta parece estar se integrando. Desfrute isso, firme-se nisso. Permita que a abundância que está em você transborde.

No tarô Mitológico, a Rainha do Fogo (Paus) é representada por Penélope.  A esposa de Ulisses esperou por dez anos seu marido voltar da guerra de Tróia. Com o filho Telêmaco, governou a ilha de Ítaca.

Entretanto, nunca perdeu a fé na sua intuição e nem deixou de acreditar que seu marido estava vivo. Embora sofrendo pressão de príncipes que queriam casar-se com ela, contornou a situação.

Penélope não precisa do rótulo de “esposa” para se sentir autoconfiante. Tem uma grande força interior para reger seu próprio mundo. Dedica-se ao que realmente é caro ao seu coração.

Com essa energia maravilhosa, firme, confiante, generosa e abundante, comemoro meu aniversário este ano um dia mais cedo (8 de abril – London, 15:53) em razão do meu trânsito astral. A cada dia amo mais ser quem eu sou por mais trabalho que isso me dê.

Obrigada, Arminda, por não ter desistido. Realmente eu ainda tinha muito o que fazer aqui.

 

Hoje é aniversário da querida Juju e ontem foi da Carolina. Eu ontem sentia a intuição de que era aniversário de alguém querido, mas só conseguia me lembrar da Monique Boot, minha querida professora de Inglês e íntima conexão de alma que deixou esse plano material há alguns anos.

Juju é uma das arianas mais “terráqueas” que eu conheço: está sempre preocupada com o sustento físico no futuro. E eu fico angustiada com a pre-ocupação dela porque, daqui de “fora”, está claro que tanta preocupação não se justifica.  A palavra diz tudo pré + ocupação.

Carolina também já comentou sobre pré+ocupação (acho que vou escrever assim daqui por diante para não me esquecer que se pré+ocupar é se ocupar previamente, geralmente de maneira angustiante, com um problema futuro, ou seja, um problema imaginário, que pode nunca vir a acontecer. É uma tortura mental.

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