Fui registrada Ticiana, mas podem me chamar de Sofia ou Sofix
Durante uma EQM (Experiência de Quase Morte) em 2008, tive a experiência mais transcendental da minha existência. Como eu estava clinicamente morta, não sei se posso me referir como parte da minha vida. Assim que sai do CTI, descrevi o melhor que pude aquelas sensações de leveza e liberdade nunca antes sentidas.
Depois, passei alguns anos tentando entender o que o meu coração quis me dizer ao ter parado. Eu acho que experimentei, por pouco tempo, a liberdade de estar sem meu ego – crítico, julgador, racional, e muitas vezes intolerante, impaciente e chatinho.
Tenho passaporte, diplomas, certificados, MBA e Master degree. Esses elementos podem até compor meu ego, mas estão longe de me definir. Por isso, não vou me concentrar neles. Meu nome é esse do site, Ticiana Azevedo, mas também atendo se me chamarem Sofia, minha melhor versão e um arquétipo in progress, ou Sofix, ainda mais abrangente e plural, uma aspiração.
Meu propósito com esse blog é compartilhar as minhas experiências, tombos, medos, fracassos e como fui me levantando nessa magnífica jornada que é a vida vivida à luz da própria verdade. Compartilhando minhas dores, reciclo o lixo que não quero mais carregar. Para isso, revi meu percurso, recorri a músicas, a mitologia, florais e constelação familiar para ressuscitar lembranças e reciclar memórias indesejadas.
Ninguém volta de uma EQM incólume. Nem muda num estalar de dedos. Pelo menos, eu, não. Como converso comigo, escrevendo, desde os 10 anos, a escrita sempre foi meu refúgio. Já há alguns anos, comecei a reunir o que venho escrevendo, como João e Maria fizeram com os gravetinhos para não se perder na floresta. Ou o novelo de Ariadne para tirar seu amado Teseu do labirinto. A isso tenho chamado labirintoautomitográfico, a biografia que estou criando para mim mesma.
Minha necessidade em botar minhas dores e alegrias pra fora começou aos 10 anos, quando pedi aquele primeiro diário (com cadeado!) no Natal de 1971. O diário veio, sem cadeado, mas veio. Já estava buscando entender a mim mesma e ao mundo sem saber disso. Depois, vieram vários métodos de autoconhecimento: psicanálise freudiana, lacaniana, reichiana, tai chi chuan, gestalt, meditação, ayahuasca e muito mais.
Essa sou eu: uma pessoa que acredita que é completamente possível escrever sua própria biografia. Compartilho aqui, através da escrita, minhas experiências e muito do que vai se transformar no documentario e monólogo A Morte me Cai Bem.